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quarta-feira, março 03, 2004

O Meu Corpo Como se Fosse O Cálice O Meu Sangue Como Se Fosse O Vinho

a Ana Paulo Inácio escreveu um dos livros de poesia mais bonitos que tenho na estante, pudesse eu te-lo no coração, que é bem maior do que um livro

na mão a faca luminosa
a mulher dirige-se
pla ogiva do portão
à guisa do vitral
o sangue faz-se vinho
no avental às flores as manchas
o vinho faz-se fel
no vívere morto separam-se os intestinos
jaz ainda quente o corpo
nas lajes o sol cai
na mulher exacata, o suor
cujas vértebras coladas contra a camisa


Ana Paula Inácio, As Vinhas de Meu Pai,Quasi Edições 2000

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