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domingo, abril 04, 2004

[V]IRÓTICA

[V]IRÓTICA é uma peça-performance que esteve em cena dias 1, 2 e 3 de Abril, no Teatro Nacional D.Maria II. A coisa prometia e os dias felizes foram todos contentes ver o que saíria desta colgaem de textos do Naked Lunch (1959) e Electronic Revolution (1971), do velho dandy beat W. Burroughs.Ao entrar no salão nobre do teatro, com os fulminantes lustres alumiados de azul marinho e os bustos bovino-pagões iluminados nas paredes, via-se uma mesa rodeada de laranjeiras, à laia de éden artificial, cheia de bocados de carne esquartejada, vulgo costoletas e outras miudezas,no meio de copos de água, jornais e outros adereços.No entanto, o que se passou depois, apesar da sempre interessante actuaçao da maria emília correia nao deixou de ser decepcionante.o que deveria ser uma interação entre a actuaçao dos dois músicos e a actriz, nunca chega a acontecer e o pretendido jogo cénico, músical e textual nunca toma efectivamente forma, limitando-se o espectador a seguir, com mais ou menos atenção, o corpo, a maior parte das vezes hirto, da actriz, e as palavras declamadas de Burroughs, pela voz particular da maria emília correia. convenhamos que, mesmo o lado cénico se apresenta empobrecido face às potencialidades plásticas dos textos de Burroughs, o que não deixa de ser um desperdício.Não basta recorrer ao escatológico como mero adereço, espetar peixes em lanças ou pretender chocar o espectador com xarope de groselha escarrado lentamente para um balde, para adaptar da forma mais conseguida as palavras provocadores e sempre ácidas de Burroughs.Se a palavra é um virus este contaminou muito pouco.pelo menos é escusado compramos antibiótico, até porque este é só para bactérias.Um bocadinho mais de literatura, drogas e sexo trangressor, sff, já que a originalidade escasseia.


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