terça-feira, setembro 28, 2004
UM FANTASMA CHAMADO WANDA
WANDA
Realizador: Barbara Loden
Actores:
Barbara Loden
Michael Higgins
Ano: 1971
Duração: 102 minutos
Género: Drama
Distribuidora: Atalanta Filmes
País de Origem: EUA
Wanda, de Barbara Loden, é um dos melhores filmes até há pouco tempo em cartaz. Objecto cinematográfico de uma singularidade enternecedora, magnificamente interpretado pela própria realizadora, Wanda é um filme de culto artesanal, de imagem granulosa, esbatido, como se ao ser projectado deixasse de si apenas uma sombra. Retrato de um desespero habitado no vazio da alma, este filme apanha-nos numa armadilha de nostalgia atormentada e obriga-nos a assistir, impotentes ao desaparecimento de um ser. Wanda, na realidade há muito deixou de existir e o que este filme nos deixa é fragmentos dessa existência, uma luz amarela num rosto inesquecível. Fiquei à beira das lágrimas. A ver só para quem entenda o cinema como parte da vida.
WANDA
Realizador: Barbara Loden
Actores:
Barbara Loden
Michael Higgins
Ano: 1971
Duração: 102 minutos
Género: Drama
Distribuidora: Atalanta Filmes
País de Origem: EUA
Wanda, de Barbara Loden, é um dos melhores filmes até há pouco tempo em cartaz. Objecto cinematográfico de uma singularidade enternecedora, magnificamente interpretado pela própria realizadora, Wanda é um filme de culto artesanal, de imagem granulosa, esbatido, como se ao ser projectado deixasse de si apenas uma sombra. Retrato de um desespero habitado no vazio da alma, este filme apanha-nos numa armadilha de nostalgia atormentada e obriga-nos a assistir, impotentes ao desaparecimento de um ser. Wanda, na realidade há muito deixou de existir e o que este filme nos deixa é fragmentos dessa existência, uma luz amarela num rosto inesquecível. Fiquei à beira das lágrimas. A ver só para quem entenda o cinema como parte da vida.
À MEMÓRIA DO PAI
O Regresso
Rússia - 2003
105 min - Drama
Andrei Zvyagintsev (Realização)
Esta primeira obra de Andreï Zviaguintsev é proporcionalmente bela à capacidade de pronunciar e memorizar o imprenúnciavel e imemorizável nome do realizador russo que com este filme, à sombra tutelar de Tarkosvki, nos enche de uma clausura árida atormentada de beleza, memória, medo, revisitação e morte. Ao vê-lo, somos abalados por uma sucessão atordoante de imagens que nos perfuram a alma depois de entrarem pela pele adentro e nos reviram do avesso, sem concessão. Viagem iniciática pelo interior da identidade, O Regresso, é a história de dois irmãos, cujo regresso inesperado do pai, depois de uma ausência de 12 anos, vai provocar, de uma forma abrupta e misteriosa, o reencontro destes com a sua memória, numa descoberta solitária e incompleta do poder do afecto e do sangue, perturbada pelo medo e pela descoberta da morte. Metáfora sobre a incomunicabilidade, o passado, o amor e a redenção, O regresso, é um filme construído como um longo poema visual, de uma beleza desolada, onde as respostas não importam mais do que o olhar para lá da ausência.
O Regresso
Rússia - 2003
105 min - Drama
Andrei Zvyagintsev (Realização)
Esta primeira obra de Andreï Zviaguintsev é proporcionalmente bela à capacidade de pronunciar e memorizar o imprenúnciavel e imemorizável nome do realizador russo que com este filme, à sombra tutelar de Tarkosvki, nos enche de uma clausura árida atormentada de beleza, memória, medo, revisitação e morte. Ao vê-lo, somos abalados por uma sucessão atordoante de imagens que nos perfuram a alma depois de entrarem pela pele adentro e nos reviram do avesso, sem concessão. Viagem iniciática pelo interior da identidade, O Regresso, é a história de dois irmãos, cujo regresso inesperado do pai, depois de uma ausência de 12 anos, vai provocar, de uma forma abrupta e misteriosa, o reencontro destes com a sua memória, numa descoberta solitária e incompleta do poder do afecto e do sangue, perturbada pelo medo e pela descoberta da morte. Metáfora sobre a incomunicabilidade, o passado, o amor e a redenção, O regresso, é um filme construído como um longo poema visual, de uma beleza desolada, onde as respostas não importam mais do que o olhar para lá da ausência.
Regressam os dias felizes, saídos de um verão pardacento, maldoso, enganador. Ainda com a memória escondida no interior de dias frescos há muito regressei à cidade, mas fiquei escondido, à espera da vontade. Não fosse o cinema e teria morrido de desencontro com o meu passado breve.